quinta-feira, junho 05, 2008

Estacionamento domina queixas de moradores da zona de Alvalade

Os problemas de estacionamento na zona de Alvalade dominaram hoje as queixas de cidadãos na reunião descentralizada da Câmara Municipal de Lisboa, com o executivo a apontar uma solução que também não é consensual.
Respondendo a queixas de munícipes que apontaram, por um lado, a falta de locais para estacionar e, por outro, a ocupação abusiva dos passeios, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, afirmou que a solução passará por criar estacionamento nos logradouros interiores.
Manuel Salgado afirmou que primeiro é preciso clarificar com o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social a «questão patrimonial» dos logradouros e a quem pertencem, reconhecendo que é preciso «uma acção mais decidida da Câmara».
O vereador referiu que, depois de resolvida a questão patrimonial, será possível determinar a ocupação para os logradouros, seja com parques de estacionamento ou reconhecendo o direito de ocupação com hortas, mantidas há anos por moradores.
Numa reunião realizada na Casa do Concelho de Tomar dedicada a ouvir cidadãos das Freguesias de São João de Brito, São João de Deus, Campo Grande e Alvalade, a falta de espaços verdes, falta de limpeza de passeios e pragas de ratos e répteis com origem em espaços de mato foram alguns dos problemas citados mas o estacionamento dominou as intervenções.
Leonor Santa Rita, que mora na Freguesia de São João de Deus, criticou a intenção de fazer dos logradouros parque de estacionamento, afirmando que não podem ser «lixeiras» como se verifica em algumas situações mas que devem ter condições de «ser espaços de lazer».
No mesmo sentido, outro morador da Freguesia defendeu que os logradouros devem ser antes de mais jardins públicos, tendo sido construídos com esse fim.
Nuno Domingues, morador da Avenida do Brasil, acusou a Polícia Municipal de fazer «caça à multa» entre os carros dos moradores, que «não têm alternativa».
«Estou cansado de acordar com a paranóia de ter o carro bloqueado, porque não tenho alternativa de estacionamento», afirmou, defendendo «tolerância» por parte da Polícia Municipal.
O presidente da autarquia, António Costa, frisou que «a solução não passa por a Polícia Municipal fingir que a lei não está a ser infringida», acentuando que «o estacionamento ilegal dificulta a circulação nos passeios e perturba as pessoas».
Respondendo a vários moradores que se queixaram de arrendamentos comerciais ilegais em prédios de habitação, Manuel Salgado garantiu que este mês serão feitas vistorias para ver quais as ocupações ilegais.
Uma munícipe que se queixou que não tinha tempo para atravessar uma passadeira porque os semáforos não estavam verdes para os peões durante tempo suficiente levou António Costa a criticar os próprios serviços de tráfego da autarquia, acusando-os de terem as prioridades misturadas.
«Os serviços de tráfego seguem uma doutrina contrária à deste executivo. No conflito entre tráfego e peões tem que ser decidido a favor dos peões. E [os serviços] estão aqui, eles têm que perceber isso», disse o autarca socialista.
Lusa/SOL

1 Comentários:

em 10:58 da manhã, Blogger Filipe Rocha disse...

Desde 2004 sou o feliz proprietário de um apartamento no Bairro de Alvalade. A dimensão humana do Bairro e a existência de espaços verdes (ainda que não cuidados) foram pontos chave na minha escolha. Com o acordo dos restantes inquilinos do prédio em que habitamos, recuperámos a zona verde situada nas traseiras do mesmo. Foi lá que fizemos a festa de aniversário das nossas filhas, ao ar livre, usufruindo de condições que, infelizmente, são de uma raridade inaceitável na nossa cidade.

Foi, pois, com um misto de incredulidade e de horror, que li há poucos dias declarações do Sr. Arq. Manuel Salgado, nas quais afirma estar a ponderar a conversão dos espaços verdes existentes no Bairro de Alvalade em espaços de estacionamento!

Numa altura em que todas as opiniões convergem na necessidade de apostar decisivamente na utilização de transportes públicos em detrimento das viaturas individuais, na necessidade de garantir zonas que permitam "respiração" e que garantam a necessária permeabilidade dos solos, eis que a já tristemente conhecida ditadura do betão ameaça alargar-se ainda mais, engolindo alguns dos poucos quintais ainda existentes em Lisboa.

Da notícia que li, parecia nada estar ainda definido e parecia haver a possibilidade de a CML avançar com a recuperação desses espaços na sua inicial função de zonas verdes. Quero acreditar que será essa a decisão finalmente adoptada!

 

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