sábado, dezembro 29, 2007

Quase 50% das linhas dos eléctricos sem utilização

Quase metade dos carris dos eléctricos em Lisboa perdeu a sua utilização estando actualmente enterrados ou desactivados, mais de um século após a inauguração da primeira linha.
Dos mais de 104 quilómetros de linhas criadas desde a inauguração do serviço de eléctricos da Carris a 31 de Agosto de 1901, existem hoje cerca de 38 quilómetros enterrados por toda a cidade e mais 11 sem serviço, mas ainda a descoberto nas ruas da cidade.
Destes 11 quilómetros de linhas sem utilização ainda à superfície, vários troços encontram-se tapados com alcatrão, o que impede a circulação de eléctricos, perdendo assim qualquer utilidade.
Confrontado com o estado de algumas dessas linhas, Élio Serra, director da Unidade de Eléctricos da Carris afirmou estar «previsto» que os carris sejam totalmente enterrados «logo que haja conjugação de obras com a Câmara Municipal de Lisboa (CML)».
«Quando são realizadas obras na via pública, em zonas onde existem linhas dos eléctricos, a Câmara contacta a Carris que, em articulação com a CML, define se quer continuar com as linhas, removê-las ou enterrá-las», explicou o responsável da Carris.
«Como do ponto de vista económico não é vantajoso retirar as linhas que estão desactivadas, tem se optado por serem enterradas», disse.
Segundo a Carris, as linhas desactivadas ainda expostas estão instaladas nos seguintes locais: Avenida Afonso III; Alto de S. João; Avenida Morais Soares; Avenida Duque D'Ávila; Rua Marquês Fronteira; Avenida Almirante Reis (parte Norte); Rua D. Estefânia; Rua Gomes Freire; Campo dos Mártires da Pátria.
Moradores e visitantes dividem-se entre a tristeza pelo fim do percurso de eléctrico por estas zonas e a desilusão pelo abandono a que são votadas as linhas.
«Não percebo é porque deixam esses bocados de carril aí. Senão os usam, pelo menos arranjem a estrada. Fica sempre tudo ao abandono», disse Carlos Silva, 72 anos, morador no Príncipe Real Carlos Silva, durante a sua habitual partida de sueca com os amigos.
«Tenho pena que o eléctrico já não passe, mas estes restos de linhas aqui não têm jeito nenhum. Só trazem problemas», defendeu Mário Costa, electricista com 52 anos de idade, enquanto esperava pelo autocarro na rua Marquês de Fronteira.
As opiniões viram críticas quando se fala com automobilistas habituados a conduzir pela cidade que chegam a considerar «perigosos» estes troços de carris.
«Já não bastam os buracos, ainda temos carris que não servem para nada e com a chuva até são perigosos. Basta uma viragem um bocadinho mais brusca ou tentar travar que o carro escorrega», explicou a secretária administrativa Joana Ferreira, de 31 anos, ao volante do seu automóvel.
Sobre este tipo de queixas o responsável da Carris adiantou que «têm havido alguns contactos com a CML» da parte de pessoas descontentes, mas «não directamente» com a empresa, sendo posteriormente discutido qual o plano de trabalhos para esses troços de linha.
Élio Serra esclareceu ainda que, neste momento, «a Carris não tem nenhum projecto para reactivação de linhas».
O serviço de eléctricos foi inaugurado a 31 de Agosto de 1901 com carros comprados nos Estados Unidos da América, reinando até 1944, ano em que começaram a ser utilizados autocarros.
O seu declínio começou nas épocas de 50 e 60 com cortes significativos nas redes, em detrimento dos autocarros.
in Lusa

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