quinta-feira, novembro 16, 2006

Degradação preocupa comerciantes de Arroios

Lixo no chão, falta de estacionamento e a companhia de toxicodependentes e prostitutas. Este é o quadro com que se deparam diariamente residentes, trabalhadores e visitantes da zona de Arroios, em Lisboa. Inconformados, alguns moradores decidiram criar um grupo de cidadania, apostado em alertar as autoridades competentes para a situação.
O cenário de profunda degradação é evidente para quem passa pelo local, como o JN comprovou ontem. Uma das áreas críticas é o antigo Hospital de Arroios. Desactivado há anos, o edifício da Praça do Chile está abandonado por todos, menos por toxicodependentes e prostitutas. Manuela Correia, do Movimento de Cidadania de Comerciantes e Moradores de São Jorge de Arroios, contou ao JN que, por aquelas bandas, "o tráfico de droga e os assaltos à luz do dia são uma constante".
Quanto à prostituição, a comerciante diz que "se um carro pára para fazer descargas, é abordado". Outro ponto referido pelo movimento diz respeito às antigas instalações da fábrica de cerveja Portugália, ao lado do restaurante com o mesmo nome, na Avenida Almirante Reis. O edifício, devoluto, é hoje dormitório e sanitário de sem-abrigo.
Daniel Figueiredo dorme na soleira de uma das portas há quatro anos. "Tenho casa, mas lá sinto-me muito sozinho, porque já não tenho família", diz. "E acabo por me refugiar nisto", acrescenta, apontando para a garrafa de vinho na mão.Manuela Correia lamenta que aquela que era uma "zona de eleição" se tenha tornado um "péssimo cartão-de-visita" para quem entra na cidade pela Avenida Almirante Reis. O mau ambiente da zona acaba também por afastar quem por ali costuma faz compras. "Os clientes dizem-me que têm medo de cá vir, principalmente ao final do dia", conta a comerciante.
Ao antigo Hospital de Arroios e à fábrica da Portugália juntam-se outros edifícios devolutos, como as antigas instalações da Voz do Operário, na Rua Alves Torgo, e o antigo cinema Pathé, na Rua Francisco Sanches. Um centro de dia ou de saúde, uma escola, um jardim ou um parque de estacionamento são algumas das alternativas que o movimento propõe para aproveitar aqueles espaços abandonados.
Audiência por marcar
Com o objectivo de alertar para problemas que o Executivo camarário "pode até nem conhecer", os membros do Movimento de Cidadania de Comerciantes e Moradores de São Jorge de Arroios solicitaram uma audiência ao presidente da Câmara de Lisboa. "Mandámos uma carta que foi recebida em Maio", conta Manuela Correia. "Telefonaram-nos a dizer que iam agendar uma reunião em Julho, mas até agora não concretizaram a data", acrescenta a comerciante.
Ao JN, fonte da Câmara de Lisboa justificou a demora com "impossibilidade de agenda". "Partilhamos as preocupações em relação à degradação dos edifícios e à toxicodependência", acrescentou a fonte camarária, garantindo que o Executivo vai tentar que o movimento seja recebido "até ao final de Novembro".

in JN

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