sexta-feira, março 10, 2006

Insegurança aumenta na freguesia das Mercês


O medo de represálias impede-os de dar a cara. Porém, na sombra do anonimato, moradores e comerciantes da freguesia das Mercês, em Lisboa, contam, indignados, casos de assaltos a estabelecimentos e automóveis que ali têm acontecido nos últimos tempos. O aumento de criminalidade na zona foi confirmado ao JN pelo presidente da Junta de Freguesia. Alberto Francisco Bento, que já reuniu com responsáveis da PSP, solicitou à Câmara a criação do posto de guarda-nocturno.
Foi no dia 10 de Fevereiro que um estabelecimento de restauração da Rua de S. Marçal recebeu a visita dos "amigos do alheio". "Apesar de ter alarme, partiram o vidro da montra, entraram e levaram 600 euros do totoloto, uma caixa de tabaco que não tinha posto na máquina e uns trocos da registadora", conta o proprietário. "O alarme tocou às 3.17 horas, a polícia chegou cerca de cinco minutos depois, mas já não estava cá ninguém". Para tentar evitar mais roubos, montra e porta da loja vão ser reforçadas com grades, garantiu o dono. Mais assustador foi o assalto levado a cabo num estabelecimento da Calçada Engenheiro Miguel Pais. "Foi há um mês, por volta das 19 horas, que aqui entraram três indivíduos encapuzados e de pistola em punho", recorda o proprietário, que prefere não revelar a identidade. "Levaram o dinheiro da caixa (cerca de 200 euros), as gorjetas e as moedas do telefone. E o cliente que cá estava ficou sem um fio em ouro e o telemóvel", explica, adiantando que agora tenta fechar as portas mais cedo. "Não consigo estar aqui, fico desassossegado!".
Além dos estabelecimentos, outros alvos preferenciais dos assaltantes são as viaturas estacionadas. Uma moradora da Praça das Flores contou ao JN que, no espaço de um mês, se deslocou seis vezes à esquadra do Largo do Rato, para declarar furto interno aos dois veículos da sua família. "Acho lamentável o facto de durante todos estes anos em que aqui resido nunca me ter cruzado com um único polícia, quer de dia, quer de noite. Nem com um guarda-nocturno", lamenta."A PSP passa aqui na zona sete ou oito vezes por dia, mas de carro e nunca pára", comenta Fernando Caseiro, funcionário da Junta de Freguesia das Mercês. "Quando os polícias páram, têm as sirenes ligadas e eles fogem", afirma. "Eles", segundo Fernando Caseiro, são um grupo de jovens que passa os seus dias no jardim da Praça das Flores. "São os responsáveis pela maior parte dos assaltos na zona", garante. "As cabinas telefónicas são todos os dias assaltadas e os parquímetros estão sempre avariados".
A situação é do conhecimento do presidente da Junta. "Infelizmente, é verdade", confirma Alberto Francisco Bento. "Ainda esta noite (madrugada de quarta-feira) foi mais um estabelecimento assaltado, revela, preocupado, o autarca. "É uma questão de segurança ou, antes, de falta dela. São carros, vidros, estabelecimentos... Faz falta um efectivo policial de proximidade". Alberto Bento garante que, há cerca de três semanas, reuniu com o comandante da 1ª Divisão da PSP e com o responsável da esquadra do Bairro Alto, para os pôr ao corrente da situação e pedir reforços. Ao gabinete do presidente da Câmara também chegou um pedido de criação de um posto de guarda-nocturno.
Fonte da autarquia confirma a recepção do pedido e garante que está a ser estudada a possibilidade de um dos 58 guardas-nocturnos existentes fazer também uma ronda pela freguesia das Mercês. O JN tentou obter comentários da PSP, mas não obteve resposta em tempo útil.

JN

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