sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Freguesias emblemáticas podem desaparecer do mapa

António Costa, ministro da Administração Interna, anunciou, em Junho do ano passado, a intenção do Governo de “tirar do mapa” as freguesias com menos de mil eleitores. A medida foi anunciada, mas, logo em seguida, António Costa remeteu-se ao silêncio devido às grandes contestação. Contudo, o objectivo não foi esquecido. O Governo foi “cozinhando” esta vontade ao logo dos últimos tempos e vai levar a sugestão ao próximo Congresso da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) a realizar-se no dia 13 de Fevereiro, em Santa Maria da Feira.
Se esta medida for a avante, sete freguesias da Área Metropolitana de Lisboa podem ter os dias contados. Dentro do critério comunicado por António Costa, encontram-se quatro freguesias de Lisboa - Santiago (976), Santa Justa (805), Sacramento (948) e Castelo (539) – e três do município de Mafra - Gradil (777), Sobral da Abelheira (890) e Vila Franca do Rosário (647).
História não pode ser esquecida.
Entre Carlos Lima, presidente da Junta de Freguesia do Castelo, e Manuel Medeiros, presidente da Junta de Santa Justa, existe uma divergência, já que ambos reclamam para si o facto de serem a freguesia mais antiga de Lisboa. De qualquer modo, ambas as freguesias correm sérios riscos de desaparecer, facto com o qual nenhum dos autarcas concorda, sendo que ambos até coincidem na opinião que têm sobre esta possível medida do Executivo: “O Governo não pode olhar só para números, tem também que analisar a História que as freguesias representam”. Embora não pertencendo ao Castelo, o presidente da Junta de Santiago, Luís Campos, dá também uma achega: “O Castelo é um sítio belo. Parece a vila de Óbidos. Não é um ministro, que não tem qualquer percepção desta realidade, que pode acabar com isto”.
Perda de Identidade
O factor história também é indicado pelo presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário. João Lima afirma que “o ministro não tem a noção da realidade e não deve saber que, para Vila Franca do Rosário ser aquilo que é hoje, os seus antepassados tiveram que lutar para conquistar o território”. “Ainda hoje há vestígios dessas lutas”, acrescenta o autarca. Na História também está referido que a razão de existir desta freguesia prende-se com o milagre de Nossa Senhora do Rosário. Como é que será se esta freguesia sair do mapa? “A Nossa Senhora do Rosário não perde sentido, mas não vai ter o mesmo simbolismo para outras freguesias, que não seja a nossa”, declarou João Lima, para realçar seguidamente que “é uma questão de identidade”. Ainda na questão da identidade de cada população, Luís Campos, presidente de Freguesia de Santiago, afirma que com esta decisão as pessoas deixam de ter a noção de onde vêm e para onde vão: “A população desta freguesia, que é maioritariamente idosa, está habituada a dizer ‘a minha Santiago’. Eu pergunto - o que é acontecerá se a decisão do Governo for a avante? Para onde vão as raízes e os hábitos destas pessoas?”.

Notícias da Manhã

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