domingo, dezembro 18, 2005

Maria José Nogueira Pinto chumba filme de realizador espanhol sobre o Fado

"Não percebo por que razão um filme sobre fado tem de ser entregue a um realizador espanhol", diz Nogueira Pinto

O projecto de filme do realizador espanhol Carlos Saura sobre o fado pode não se concretizar por falta de verbas. Em dúvida está o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, no valor de um milhão de euros, chumbado na última reunião do executivo autárquico com os votos contra de toda a oposição. PS, PCP, CDS/PP e Bloco de Esquerda exigiram esclarecimentos adicionais à proposta apresentada pelo vereador da Cultura, José Amaral Lopes. A decisão final será tomada em nova reunião a realizar no dia 28.
O projecto, apresentado em Junho, tem o fadista Carlos do Carmo como supervisor musical e inclui Camané e Mariza no elenco. Eduardo Serra é o director de fotografia e a segunda figura numa prestigiada equipa técnica liderada por Carlos Saura, o consagrado realizador espanhol que conta já com dois projectos semelhantes no currículo, um sobre o flamenco, outro sobre o tango. O fado seria a terceira peça de uma trilogia sobre canções urbanas do século XX, numa co-produção internacional das portuguesas Fado Filmes e Duvídeo com a Zebra Producciones (Espanha), Continental (França) e VideoFilmes (Brasil). Tal como inscrito no projecto, a autarquia lisboeta, através da EGEAC, assume--se como co-produtora e responsabiliza-se por 25% dos quatro mi- lhões de euros inscritos no orçamento. Ou seja, um milhão.
Os argumentos. Mas este é um valor que, salvaguarda o produtor Ivan Dias (Duvideo) ao DN, "não tem de sair dos cofres da Câmara. O compromisso é que assuma a responsabilidade de angariação desse valor, de preferência junto de mecenas e patrocinadores." Um argumento que não convence a vereadora do CDS, Maria José Nogueira Pinto, uma das vozes mais cépticas na autarquia. "É sempre um grande esforço financeiro da autarquia e tem de ser devidamente avaliado." E até agora, garante, a avaliação é negativa. Desde logo, "por uma razão de princípio que, embora não seja partilhada por toda a oposição, para mim não é indiferente tenho todo o respeito pelo Carlos Saura, mas não percebo por que razão um filme sobre fado, destinado a promover um elemento essencial da cultura e identidade nacional, tem de ser entregue a um realizador espanhol".
Depois há as "razões partilhadas por toda a oposição". Primeiro, explica Nogueira Pinto, "duvida- -se da vocação da EGEAC e do pelouro da Cultura para iniciativas desta natureza. Por mim, defendo que a autarquia deve concentrar os poucos recursos que tem em iniciativas para as pessoas - mais eventos, mais animação de rua. Ser co-produtor é papel que assenta melhor ao Ministério ou ao Turismo". Por último, conclui, "na informação apresentada não há garantias de que o contrato é claro e a câmara não acaba com um filme de quatro milhões na mão, nem há garantias de retorno, ou seja, que o filme será devidamente distribuído e exibido".
Noticia: Lusa

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