sexta-feira, novembro 11, 2005

Nogueira Pinto propõe comissão para estudar minorias étnicas

A vereadora do CDS/PP na Câmara de Lisboa vai propor a criação de uma comissão para estudar a situação dos bairros sociais e das minorias étnicas na cidade, como ponto de partida para uma intervenção nas zonas problemáticas.


A vereadora Maria José Nogueira Pinto, que falava hoje numa conferência de imprensa nos Paços do Concelho, alertou para os problemas de integração dos imigrantes de segunda geração, uma realidade para que as próprias comunidades chamam a atenção, disse.

«Estes jovens estão desenraizados da cultura dos pais, mas também não assimilaram a cultura portuguesa. Não se trata de um conflito de culturas, mas da ausência de referências culturais», referiu.

Sublinhando que os números oficiais apontam para a existência de 125 mil imigrantes na Grande Lisboa, mas que «não devem ser verdade», Nogueira Pinto afirma que «a situação da imigração e das minorias étnicas não está diagnosticada», defendendo a constituição de uma «comissão específica que permita ter, daqui a seis meses, uma radiografia tão precisa quanto possível da realidade».

A medida, que será apresentada ao executivo camarário liderado por Carmona Rodrigues (PSD) na primeira reunião pública deste mandato, no final do mês, propõe que o grupo integre diversas entidades públicas e privadas, como os ministérios da Educação, da Saúde, da Administração interna, da Segurança Social, a Câmara de Lisboa, representantes das minorias étnicas e instituições particulares de solidariedade social.

«Não há diagnóstico bairro a bairro e por isso não temos uma estratégia de intervenção», sublinhou a vereadora, que defende que «há que analisar a situação: quantos imigrantes temos, como estão distribuídos, quais os fluxos entre concelhos».

Após a recolha dos dados - que «existem, mas estão espalhados por diversas entidades» - a democrata-cristã acredita que será possível conceber um modelo de intervenção, «que deve ser articulado com o poder central e com os concelhos limítrofes».

Nogueira Pinto identifica duas situações problemáticas em Lisboa: os bairros da Ameixoeira e Alfredo Bensaúde, «com uma excessiva concentração de pessoas de etnia cigana, que têm uma cultura muito própria» e o bairro de Marvila, em Chelas, «que recebeu o número mais significativo de minorias étnicas».

«Não se trata de estigmatizar, mas há aqui algum desequilíbrio entre as minorias e a população portuguesa», referiu, considerando que «não houve o cuidado de transferir uma população suficientemente diversificada para não constituir guetos».

A vereadora defende a instalação de uma rede de equipamentos de proximidade, nomeadamente sociais, culturais, lúdicos e desportivos nos bairros sociais, como instrumentos de «aculturação» para as crianças e jovens, a par das escolas, formação profissional e trabalho com as famílias.

Nogueira Pinto referiu ainda a importância do diálogo com os mediadores, representantes das diversas comunidades, além do combate à guetização, através das políticas de urbanismo e de habitação.

A vereadora prometeu ainda interpelar o executivo municipal para que «ponha rapidamente em funcionamento» os conselhos municipais de Segurança e para as Comunidades Imigrantes e Minorias Étnicas, que envolvem vários organismos públicos e privados.

«O Conselho de Segurança teve um trabalho muito incipiente, e o das Comunidades nem sequer funcionou neste último mandato», frisou.

- Diário Digital / Lusa

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