sábado, julho 23, 2005

Entrevista ao DN pela nossa cabeça de lista à CML - II

"Câmara tem exercido ditadura burocrática"

Já falou muito em Carmona Rodrigues. Como analisa os outros candidatos?

- Corram como correrem, estas eleições serão sempre muito interessantes para Lisboa, suscitando um debate aberto e diversificado, que não fica prisioneiro de dois blocos. Sá Fernandes é um homem do contrapoder. A minha dúvida é saber se uma pessoa que corporiza o contrapoder pode corporizar o poder. Mas a candidatura dele traz um aspecto interessante, que é a capacidade de mobilização das pessoas contra o poder instituído, nomeadamente contra a ditadura burocrática que a câmara tem exercido. O candidato do PCP [Ruben de Carvalho] é um homem que conhece muito bem Lisboa. Quanto a Manuel Maria Carrilho, não sei até que ponto gostará de gerir uma grande máquina - é o que aquilo é - e terá capacidade de envolver as pessoas. Não tenho dúvidas sobre a seriedade ou a inteligência dele. Mas será um homem agregador? Tenho muitas dúvidas.

A câmara tem graves problemas financeiros. Aumentaria as taxas municipais?

- Em todo o lado a tentação é aumentar a receita. Mas não devemos ir por aí. Se resolvermos o problema pelo lado da despesa, nunca o aumento da receita será suficiente. Há muitos financiamentos externos, nacionais e internacionais, a que a câmara pode candidatar-se.

O aeroporto deve continuar na Portela?

- Obviamente, pois é um factor de competitividade de Lisboa. O Governo decidiu pô-lo em causa. E não lhe ocorreu dar cavaco à câmara. É a cultura que temos em Portugal cada um tem a sua quinta. Há a "quinta" do Governo e a "quinta" da câmara. Isto não pode continuar assim! Qualquer decisão estratégica sobre o aeroporto terá de passar por longas negociações com a Câmara de Lisboa. O aeroporto oferece segurança e é um factor decisivo para a economia da cidade. A retirada do aeroporto tornaria Lisboa mais periférica, mais longe da Europa.

O que fará com espaços culturais hoje sem uso, como o cinema São Jorge?

- Sou absolutamente contra o consumo de energias e recursos em mais infra-estruturas. Devemos encher as que estão. Se amanhã vier aqui dançar o Ballet de Boston ou o Bolshoi, só me congratulo com isso. Hoje já existe em Lisboa uma grande procura cultural. Mas falta-nos uma cultura de cariz mais popular, que tem si-do sistematicamente desprezada. Quem está na câmara quer reproduzir a política cultural do ministério. E a da cidade é muito diferente. Uma peça importante da cultura lisboeta, por exemplo, é a Feira Popular. Aquele espaço talvez não fosse o ideal. Mas a feira deve ser um factor de revitalização da cidade. Na zona oriental de Lisboa temos muito espaço é para lá que deve ir. Gostava também de pôr as bandas nos coretos durante os muitos meses de bom tempo que temos em Lisboa. Se houver um coreto com uma banda, as pessoas aproximam-se, sentam-se, ouvem, entretêm-se. Para uma população envelhecida, ouvir uma banda num jardim pode ser uma coisa importantíssima.

(Parte II)

- DN

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